#008 - O multiverso editorial e uma Bienal
replay # duas editoras # a Meca do livro
Fiquei (novamente) por um tempo longo sem postar aqui, mas estou de volta. Vou tentar manter a publicação quinzenal.
Bienal do Livro do Rio
Visitei a Bienal do Livro do Rio em junho e vou trazer aqui um breve relato de um trabalhador desse mercado que foi pela primeira vez ao evento.
Fiquei impactado pelo tamanho da Bienal, não só por conta da extensão dos pavilhões, mas pela quantidade de editoras, marcas, ações e pessoas. Gente, inclusive, era o que não faltava no evento.
O Artists Alley da Bienal, com curadoria do jornalista e editor, Sidney Gusman, estava bem estruturado e localizado. Acho que, de longe, foi a área para artistas de quadrinhos mais bem organizada que já vi em um evento.
Me impressionei também com a quantidade de jovens, correndo pelos pavilhões com livros nas mãos ou lotando filas de autógrafos ou dos caixas das editoras que publicam majoritariamente romantasia e jovem adulto. Não tem como sair de um evento como esse desiludido com o mercado literário brasileiro, pregando por aí que “brasileiro não lê”.
Se você reside no Sudeste, vale a pena conhecer o evento mesmo que apenas a passeio, mas eu não diria o mesmo para residentes de outras regiões. Para autores também. O Rio de Janeiro é uma cidade cara e o evento é longo, o que maximiza os gastos. Felizmente, eventos como a Bienal do Livro de Pernambuco e a Feira Pan-Amazônica do Livro existem em outras localidades e estão ganhando mais espaço e importância.
Duas editoras, dois mundos
Eu escuto o podcast do Publish News, não religiosamente, mas sempre que o título de um episódio me chama a atenção. Há quase dois meses, um título mencionava a editora Valer (editora de Manaus, da qual também sou autor), e fui ouvir.
O episódio era um bate-papo com Isaac Maciel, da Valer e João Varella, da Lote 42, focado nos empreendimentos em livrarias de ambos, a Valer Teatro e a Livraria Gráfica.
Não demorou muito pra uma coisa ficar bem clara, até para os próprios participantes, as enormes diferenças entre as duas editoras/livrarias. Uma delas tem 30 anos de história, mais de 2.000 títulos e, o recente empreendimento, um verdadeiro complexo cultural com salão de eventos, cafeteria, restaurante e livraria, ao lado de um dos principais pontos turísticos da cidade.
A outra é uma editora recente, fundada em 2012, que possui um catálogo modesto. Apesar disso, o empreendimento acumula diversos projetos de feiras nacionais, uma livraria conceitual, oferece cursos de produção gráfica e já participou de inúmeros eventos internacionais como convidado, ou com o apoio de órgãos ou fundações ligadas ao mercado editorial.
Curiosa a disparidade, não? Mas tudo faz sentido se eu revelar que a primeira editora é a Valer, que fica em Manaus, e a segunda é a Lote 42, com sede em São Paulo. Esse é o exemplo perfeito de como o nosso mercado é desigual e centralizado na capital paulista.
A Valer, que passou anos sem uma livraria, tem números que a fariam ser uma editora de médio porte se estivesse em São Paulo. Já a Lote 42, conquistou prêmios, ultrapassou fronteiras e expandiu seu empreendimento, mesmo com pouco tempo de mercado e um catálogo diminuto. A resposta para a equação não pode ficar restrita à qualidade das obras (e eu sei que muitos vão usar esse argumento). Quantos livros da Valer chegaram até você? Aposto que poucos.
As editoras possuem propostas completamente diferentes, devo dizer, mas é inegável que a localização da Valer dificultou sua capacidade de fazer contatos, esganou sua distribuição, limitou a sua quantidade de leitores, a afastou dos grandes prêmios, dos projetos com a CBL e das feiras internacionais com apoio do governo.
Apesar de tudo, fico feliz com a nova Valer ressurgindo na capital amazonense como um empreendimento cultural multifacetado. Espero que perdure por muito tempo.
Conheça a Valer: INSTAGRAM
No expediente de hoje teremos Replay – Memórias de uma família. Replay é escrito e desenhado pelo Jordan Mechner, criador da série de jogos Prince of Persia.
O Jordan faz um apanhado biográfico de sua família de origem judia. O avô lutou na 1º Guerra Mundial e o pai, ainda criança, ficou preso na França durante a ocupação nazista. Paralelamente a isso, o autor mostra o desenvolvimento de sua carreira na indústria dos jogos.
Foi com esse livro que auxiliei, pela primeira vez, na preparação de texto do tradutor Mario Luiz C. Barroso.
Mais informações no site da CONRAD.
Me chamo Luiz Andrade, sou formado em Letras, língua e literatura portuguesa. Sou autor de vez em quando e estou assistente editorial na Conrad Editora.
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